Ainda bem que Tite desembarcou na Seleção. Com atraso, é verdade, mas a tempo de formar um time competitivo. Se vai dar certo na Copa não há garantia. Mas tenho convicção de que teremos um time para torcer. Tite usou a matéria-prima que estava à disposição de seus antecessores. E formou uma equipe. Pode nem ganhar o Mundial. Mas não levará à Rússia um grupo de meninos mimados, chorões, despreparados para a pressão de uma Copa.
Tite foi vencedor no Caxias, no Grêmio, no Inter, no Corinthians. Ganhou competições regionais, nacionais e continentais. Ganhou com time pequeno e com time grande. E perdeu também. Mas tem estrada.
A Seleção Brasileira não é lugar para aventureiros e iniciantes. Se para alguém com trajetória já é difícil imagine para um treinador sem esta experiência enorme em clubes. Tite tem bagagem, aprendizados, conhecimento. É dedicado. Um baita profissional.
Eu nem acho que os jogadores brasileiros são tão bons assim. Aqui no Brasil, então, perdemos muita qualidade. Com algumas exceções, nossos times são médios, apenas. Mesmo o Corinthians campeão brasileiro. Não tem nada de exuberante. Aqui ficou uma espécie de segunda divisão do futebol brasileiro. Pois a primeira divisão está hoje na Europa, especialmente na Espanha, Inglaterra, Alemanha, mais França e Itália. E depois temos mais brasileiros na Ásia, Oriente Médio ou países de menor representatividade no futebol como Portugal, Turquia, etc…
Então Tite arregimentou estes jogadores espalhados pelo continente europeu, criou seu ambiente, deu padrão tático e agora trata de entrosar e “azeitar”. Conseguiu fazer com que muitos brasileiros, desiludidos depois dos 7 a 1 e do fraco rendimento com Dunga, voltassem a ter esperança. Havia quem já tivesse desistido da Seleção e agora já usa a canarinho nas ruas. Devemos isso a Tite.
Acrescento o seguinte: o sucesso da Seleção na Rússia pode ajudar o Brasil a sair mais rapidamente da crise. Todos nós sabemos que nossa crise é política e que tudo que aconteceu impactou drasticamente na economia com uma total perda de confiança. Mas o vexame dos 7 a 1, do ponto de vista emocional, atordoou o Brasil. Quando o futebol vai bem a sociedade fica animada, consome mais, sai às ruas, está feliz. Da forma traumática como foi a eliminação de uma Copa do Mundo em casa, na qual tínhamos a esperança de resgatar a derrota de 1950, o abalo foi enorme. A conquista da medalha de ouro na Olimpíada ajudou a amenizar. Mas o trabalho de Tite nas Eliminatórias foi mais um passo importante. Agora que venha a Copa!